quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ONGs têm sucesso em captar recursos através da internet

Mesmo com uma enorme exclusão digital no país, as organizações sem fins lucrativos estão apostando cada vez mais em fazer parte da rede mundial de computadores. Estar na Internet pode representar, além de visibilidade para as ações da entidade, mais recursos financeiros para tocar os projetos sociais. A e-filantropia – a ajuda online do internauta - está fazendo a diferença em várias organizações que descobriram um jeito barato de captar recursos.

Em 1998, um ano depois dos Doutores da Alegria (www.doutoresdaalegria.org.br) inaugurarem um site, 70% dos novos sócios-mantenedores foram conquistados com a ajuda da Internet. Este ano, o percentual caiu para 35%. "Pode até parecer pouco, mas hoje nós diversificamos as formas de adesão. Além de novos sócios, o site dá visibilidade aos nossos patrocinadores e parceiros", disse a captadora de recursos da organização, Renata Truzzi.

Com o bom humor característico, os Doutores da Alegria vendem "bolhas de sabão", "pílulas de bom humor", "transfusões de milk shake" e "esparadrapos de morango" para indicar uma determina quantia fixa a ser doada, que varia entre R$ 35 e R$ 500. As doações podem ser feitas por débito automático, cartão de crédito ou boleto bancário. A entidade sugere o cartão de crédito e o débito automático em conta corrente como as formas de pagamento que apresentam mais "praticidade ao doador e menores custos à entidade porque assim pode aplicar melhor o dinheiro do doador virtual".

"A Internet permite ainda que a gente se comunique com os sócios por e-mail. Desde o envio de convites até a prestação de contas pode ser realizada com rapidez e baixo custo. Essa é uma ferramenta importante para a manutenção dos nossos relacionamentos, já que mais de 80% dos nossos sócios têm endereço eletrônico", analisou Renata.

O site dos Doutores da Alegria, que deverá ser modificado no próximo ano, está vinculado ao da Miracula (www.miracula.com.br), uma empresa especializada em comércio eletrônico. A empresa, que há dois anos abriu subsidiárias na Argentina e Espanha, possui um link chamado "ongs e doações" que leva ainda para entidades como a Associação de Assistência às Crianças Deficientes (www.aacd.org.br) e a Fundação Ação Criança (www.acaocrianca.com.br).

Os Doutores da Alegria disponibilizam na loja virtual produtos como camisetas, livros, broches e adesivos. Uma mensagem de abertura da página lembra que ao optar por um daqueles produtos o consumidor estará fazendo uma doação a um dos programas mantidos por eles, aumentando assim o número de crianças hospitalizadas atendidas. A organização paga apenas R$ 100 pela manutenção da página. Para 2003, a expectativa é que o site seja modernizado e traga, além dos atuais serviços, informações para pesquisa e experiências similares às realizadas por eles em sete hospitais de São Paulo e dois do Rio de Janeiro.

Para Célia Cruz, da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (www.abcr.com.br), a Internet é uma ferramenta nova e que tem se mostrado muito eficiente apesar do acesso restrito. A exclusão digital ainda é grande no país, mas ela acredita que grande parte daqueles que acessam têm recursos para praticar a e-filantropia. O resultado que os Doutores da Alegria conseguiram é interessante para o Brasil e para o mundo", destacou Célia. Além da captação de recursos, acrescentou, a Internet ajuda a divulgar a missão e a gerar uma base de dados com os e-mails. Os endereços eletrônicos servem para informar sobre as atividades, mandar cartas de agradecimentos ou mesmo convidar os antigos doadores a colaborarem em uma campanha específica.

Um outro exemplo é o da WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza). Através do seu site (www.wwf.org.br) que foi todo reformulado nos últimos dois anos, a WWF conseguiu aumentar em 70% o número de afiliações e em 100% as vendas de artigos através da loja virtual, última etapa de aperfeiçoamento do site. Por meio da Internet a pessoa interessada em se filiar ao Fundo pode doar quantias anuais que variam de R$ 25 até mais de R$ 250, optando por uma das quatro modalidades disponíveis. Este ano, de R$ 90 mil provenientes de filiações e renovações, mais de R$ 36 mil entraram na instituição através da rede. Dos mais de R$ 60 mil provenientes das vendas, mais de R$ 36 mil foram captados por meio da Internet.

A coordenadora de Marketing de Relacionamento da WWF, Clélia Maury, explicou que a reformulação do site possibilitou a filiação online, depois a doação e por último a venda através da loja virtual, o chamado comércio eletrônico. " O site é uma ferramenta integrada de comunicação. O benefício dessa tecnologia não é só financeiro, mas dá visibilidade às nossas ações", disse informando que a WWF prioriza o uso da Internet como canal de acesso.

Clélia lembrou, no entanto, que apesar de bons resultados como dobrar as vendas (pelo método tradicional muitas pessoas desistiam da compra), a Internet ainda é uma mídia que precisa de outras mídias como rádio, TV e jornal. " A arrecadação vai depender também dessas mídias", destacou. A exclusão digital no país, que pode ser um problema para as organizações menores, não assusta a WWF. " O nosso público é formado por profissionais liberais, pessoas que residem nos grandes centros urbanos, pertencem à classe média e têm curso superior. Para a captação, a exclusão digital não impacta significativamente", analisou.

Para muitas organizações como a WWF, a criação do site pode sair a um preço bastante acessível ou mesmo a custo zero. "A Agência Clic praticamente nos doou o site. A exposição que temos 24 horas por dia custaria uma fortuna em mídias convencionais", calculou. Para Clélia, as pessoas que já estão acostumadas com o uso da Internet não têm resistência quanto à segurança do sistema, que tem por detrás financiadoras de cartão de crédito e instituições financeiras. "A desconfiança está muito mais em relação à organização que está captando e não à segura do sistema", concluiu, acrescentando que a captação via Internet não descarta o captador de recursos porque, apesar do bom desempenho, o uso dessa ferramenta ainda não garante a totalidade da captação.

Algumas pequenas organizações que estão começando agora também vislumbram benefícios com a criação de sites. Uma delas é Anjo do Ângela (www.setor3.com.br/anjos_do_angela/), criada em março do ano passado com o objetivo de ensinar informática básica a crianças e adolescentes. O Projeto Anjos do Ângela, desenvolvido no Jardim Ângela, Zona Sul de São Paulo, chegou à Internet com a ajuda do Projeto Sites Solidários. O Senac-SP e as Faculdades Radial estão oferecendo sites gratuitos às comunidades de base. Técnicos do Senac-SP entram com a capacitação tecnológica de dois membros da entidade para que possam fazer a manutenção do site e os alunos da faculdade criam e executam o projeto. A iniciativa visa divulgar as ações e projetos dessas organizações e ainda auxiliar na busca de novos parceiros, colaboradores e financiadores.
Retirado do site:http://www.metaong.info/node.php?id=335

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